terça-feira, 10 de agosto de 2010

Criatividade é o que não falta no Brasileirão

No Campeonato Brasileiro de 2010, que felizmente reúne os 12 maiores clubes do país (os quatro do Rio de Janeiro, quatro de São Paulo, dois de Minas Gerais e dois do Rio Grande do Sul), sobram, para alento dos admiradores do bom futebol, bons jogadores responsáveis pelas armações das equipes. Além da recente tendência de grandes boleiros retornarem ao país desde o ano passado, com Ronaldo, Adriano e Fred, os maiores clubes brasileiros buscam bons valores gringos e ainda formam atletas promissores.

Observando os elencos das 12 maiores forças do país, listei os 30 melhores meias-atacantes, que poderiam perfeitamente vestir a gloriosa camisa 10 nas equipes que defendem. Elaborei um ranking para listar os melhores da atualidade na minha opinião, considerando diversos aspectos: desempenho atual, empatia com torcida, idade, experiência em grandes decisões, importância para o time, performance da equipe no ano. Enfim, não saberia como deixar de fora, ainda, minha opinião pessoal do que espero de cada jogador, considerando, em primeiro lugar, a habilidade do atleta. Lógico que, por ser um ranking construído a partir de critérios pessoais, que não levam em conta dados como passes e lançamentos certos, assistências, gols, dribles e posse de bola, por exemplo, pode e vai gerar divergências. O fomento da discussão do lúdico esporte que é o futebol, ora pois, é uma atividade deliciosa para os amantes do esporte.

A lista exalta o talento dos jogadores, e lógico que posso mudar minha opinião até o fim do ano, pois no futebol se vai do céu ao inferno numa única brecha. Alguns jogadores ainda nem estrearam, mas segue minha lista com a classificação dos 30 "maestros":

1º) Paulo Henrique Ganso (Santos)
2º) Felipe (Vasco)
3º) Valdívia (Palmeiras)
4º) Conca (Fluminense)
5º) Deco (Fluminense)
6º) Carlos Alberto (Vasco)
7º) D’Alessandro (Internacional)
8º) Diego Souza (Atlético-MG)
9º) Maicosuel (Botafogo)
10º) Petkovic (Flamengo)
11º) Bruno César (Corinthians)
12º) Douglas (Grêmio)
13º) Zé Roberto (Vasco)
14º) Montillo (Cruzeiro)
15º) Gilberto (Cruzeiro)
16º) Daniel Carvalho (Atlético-MG)
17º) Souza (Grêmio)
18º) Roger (Cruzeiro)
19º) Danilo (Corinthians)
20º) Ricardinho (Atlético-MG)
21º) Jorge Wagner (São Paulo)
22º) Renato Abreu (Flamengo)
23º) Cléber Santana (São Paulo)
24º) Hugo (Grêmio)
25º) Giuliano (Internacional)
26º) Tcheco (Corinthians)
27º) Marquinhos (Santos)
28º) Lincoln (Palmeiras)
29º) Lúcio Flávio (Botafogo)
30º) Andrezinho (Internacional)

A relação pode ainda ganhar a ilustre presença do craque Thiago Neves, do Al-Hilal/ARA, especulado no Flamengo. Nesse caso, ele ocuparia a sexta colocação, hoje do cruzmaltino Carlos Alberto.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Nessa Copa insossa, sul-americanos têm dominado

Até o momento que escrevo - comecei às 10h20 de Brasília, do dia 22 de junho - já transcorreram 32 jogos da Copa do Mundo africana, sendo quatro em cada grupo. Vi a maioria das partidas, pelo menos parcialmente, e ainda não me deparei com um time que desponte como amplo favorito, com futebol envolvente. Quem não assistiu ao massacre de 7 a 0 imposto pela seleção portuguesa à norte-coreana na última segunda, 21, deve ter achado que perdeu o grande jogo da Copa, por ora. Sim, Portugal fez por onde ao golear a não tão tímida equipe asiática, que atacou mais e se fechou menos em comparação ao jogo de estreia, contra o Brasil. Mas, mesmo tendo enfiado uma sonora goleada, não apresentou um futebol à altura dos melhores e inesquecíveis jogos de Copas do Mundo, entravados na minha memória.

A atuação das equipes consideradas favoritas ao título, em virtude da tradição, reflete nas campanhas até o momento. A atual campeã Itália, que já conquistou quatro canecos, conseguiu a proeza de empatar com a Nova Zelândia após ter tido igualdade na primeira partida; a sempre temida Alemanha, que "encantou" os torcedores após ganhar da Austrália por 4 a 0, perdeu pra não tão forte Sérvia; a Inglaterra conquistou dois empates, sendo um com direito a frango do goleiro contra os EUA e outro contra a fraquíssima Argélia; a França, que vive incrível turbulência nos bastidores, com jogador sendo expulso da delegação, está praticamente eliminada, com um empate diante do Uruguai e uma derrota vergonhosa de 2 a 0 para o México; por fim, a forte Espanha, atual campeão europeia e favoritíssima ao título, amargou uma derrota por 1 a 0 para a Suíça na primeira rodada (na segunda ganhou do café-com-leite Honduras apenas por 2 a 0).

Portugal não faz um campeonato ruim, já que empatou com a forte - no sentido literal e metafórico - Costa do Marfim e humilhou a Coreia do Norte. A Laranja Mecânica Holanda, sempre temível adversário, ganhou as duas partidas, mas não apresentou um futebol tão convincente (para passar pelo Japão por 1 a 0, contou com grave falha do goleiro nipônico). As demais seleções europeias - Suíça, Grécia, Dinamarca (outrora Dinamáquina), Eslovênia, Eslováquia e Sérvia - certamente são meras coadjuvantes.

O futebol forte e habilidoso, porém muitas vezes "ingênuo" e "inexperiente" dos africanos, poderia despontar no Mundial... na África. Não será dessa vez. A tradicional Nigéria, que ganhou do Brasil nas Olimpíadas de 1996, perdeu pra Argentina (com gol irregular) e Grécia (de virada). Gana, que conta com alguns bons talentos individuais, ganhou da Sérvia mas empatou com a fraca Austrália. Costa do Marfim passará no Grupo G, onde estão o já garantido Brasil e o praticamente classificado Portugal, apenas por um milagre. Camarões do craque Eto'o, por sua vez, perdeu as duas partidas, para Japão (pasmem) e Dinamarca, de virada. A anfitriã África do Sul mostrou muita vontade na estreia, mas empatou com o México. Já na segunda rodada, não se encontrou e tomou uma surra de 3 a 0 para o Uruguai, que não vai bem numa Copa há tempos. A Argélia, coitada, é horrível. Filho de argelinos, o francês Zidane seria titular na equipe mesmo com 60 anos ou mais.

Os times asiáticos (Japão, Coreias do Norte e do Sul e Austrália, que apesar de ser da Oceania, participa das eliminatórias da Ásia), da Oceania (Nova Zelândia) e das Américas Central (Honduras) e do Norte (EUA e México) são apenas participantes, que precisariam de vários milagres em busco do caneco.

Em meio à tamanha mediocridade, e mesmo sem serem brilhantes, os sul-americanos dominam a Copa do Mundo. Dos cinco representantes do continente, três conquistaram os seis pontos (cada equipe disputou duas partidas até o momento): Brasil, Argentina e Chile. Os outros dois (Uruguai e Paraguai) ganharam um jogo e empataram outro. Todos estão indo bem.

O Brasil suou para vencer a retrancada Coreia do Norte por 2 a 1 e, mesmo sem ser brilhante, brilhou na guerra travada contra a Costa do Marfim, conquistada por 3 a 1 (o jogo sujo dos africanos me enojou). A Argentina ganhou da Nigéria numa partida apenas razoável, e depois sapecou a Coreia do Sul por 4 a 1. Também não foi uma atuação espetacular, com direito a gols oriundos de falhas da arbitragem e do goleiro oriental; mas, de qualquer maneira, impôs respeito ao time liderado pelo cracaço Messi. Os dois arquirrivais históricos - Brasil e Argentina - crescerão muito ao longo do Mundial, ao que parece.

O Chile, por sua vez, fez o dever de casa, ao derrotar Honduras, conseguindo furar o praticamente impenetrável bloqueio suíço, tarefa em que a Fúria Espanhola foi mal-sucedida. E olha que, antes do gol chileno, a Suíça quebrou recorde da Itália ao ser a seleção que mais tempo ficou sem tomar gol numa Copa do Mundo.

No confronto entre os já campeões de mundiais França (um título) e Uruguai (dois), ocorreu um chato 0 a 0, desprovido de emoção. Mas, com o endiabrado Forlán, a Celeste Olímpica tratou de despachar a África do Sul por 3 a 0, placar maiúsculo. Por fim, o Paraguai segurou o ímpeto da tetracampeã Itália, empatando em 1 a 1, e cumpriu com a sua obrigação ao derrotar a Eslováquia.

Ainda não há um grande craque no Mundial, mas alguns destaques, como o alemão Özil, os brasileiros Elano e Luís Fabiano, os argentinos Messi e Higuaín, o espanhol David Villa e o português Coentrão, entre outros. A Copa do Mundo pode - e creio que vai - apresentar rumos diferentes. Não podemos achar que Alemanha, Itália, Espanha e outros europeus são cachorros mortos. Mas, até o momento, numa competição mecanizada, sem futebol-arte, os sul-americanos têm sido mais eficientes e correspondido, pelo menos, às tradições.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Copa é um evento essencialmente capitalista

Faltando alguns dias para o início da Copa do Mundo da África do Sul, um dos assuntos que mais têm alimentado o noticiário esportivo é a qualidade da bola Jabulani, da Adidas, que será utilizada na competição. O tema tem suscitado discussões não apenas entre jogadores brasileiros, pois atletas europeus (o espanhol Casillas e o italiano Pazzini) já se manifestaram.

Pelos relatos que tomei conhecimento, a maioria dos boleiros reclama da redonda. Para eles, a bola muda de trajetória, o que dificulta o domínio e a previsibilidade no momento do chute. Conforme declarou ao jornal O Globo o volante brasileiro Felipe Melo, da Juventus/ITA, "as outras [bolas] parecem mulher de malandro. Esta é mais patricinha. Não gosta de ser chutada".

Sem nunca ter testado a redonda, não posso julgar a sua qualidade, apesar de reconhecer a excelência da fabricante alemã Adidas. O que me chama a atenção na discussão é a guerra travada no capitalismo, que cria uma briga pelo mercado consumidor. A maioria dos jogadores que criticaram a bola são patrocinados pela maior rival da Adidas, a estadunidense Nike. Em contrapartida, alguns dos defensores são patrocinados pela empresa germânica. Ou seja, o principal aspecto em pauta é a qualidade da bola ou a concorrência capitalista?

Como em tudo na vida, há exceções: o goleiro Casillas, patrocinado pela Adidas, que também investe no seu time, o todo-poderoso Real Madrid/ESP, já reclamou. Agora terá que se explicar com os investidores.

Entretanto, a maior parte do dilema é alimentado pela Nike e seus representados, de um lado; e a Adidas e seus atletas, contra-atacando ou se defendendo, do outro. O que deveria ser o principal tema, a real qualidade da bola, instrumento essencial para o espetáculo da Copa do Mundo, acaba ficando de lado.

Argentina ao ataque









Outro dia li reportagem no jornal O Globo sobre o "problema" que o técnico da Seleção da Argentina, Diego Maradona, tem em escolher o companheiro de ataque do genial Lionel Messi, do Barcelona/ESP. A relação dos convocados para a Copa do Mundo dispõe de cinco concorrentes, que possuem características diferentes: Tevez, com rapidez e mobilidade; Palermo, com experiência e posicionamento; Diego Milito, com faro de gol e em ótima fase; Higuaín, com juventude e oportunismo; e Agüero, que não atravessa boa fase mas tem qualidade técnica inquestionável. Creio que, aos amantes do futebol ofensivo, esse é um belo dilema para resolver.

A lista argentina que representará o país portenho na África do Sul em poucos dias é praticamente uma versão oposta da tupiniquim, já que a última, como dito em post anterior, tem bem menos opções ofensivas, sendo mais "equilibrada" (o sentido do termo empregado pelo técnico Dunga). Enquanto nossos vizinhos até extrapolaram na ofensividade, com poucos jogadores defensivos, o futebol pentacampeão mostrará, em campo, uma seleção com feição alemã ou italiana.

Não acompanho tanto os jogadores argentinos como os brasileiros, embora a maioria dos atletas dos dois países joguem em grandes times europeus. Mas, se fosse para indicar um ataque na Argentina, tentaria escalar Messi, Tevez e Diego Milito. Enquanto o primeiro joga de meia-atacante mais pela ponta direita, o segundo faz a função de segundo atacante pela esquerda. Já Milito, que joga na campeoníssima Internazionale/ITA há uma temporada (antes defendia, na Bota, o Gênoa), está em fase brilhante, coroada pela atuação de gala e dois gols na recente final da Liga dos Campeões 2009/2010 contra o Bayern/ALE no Santiago Bernabéu, em Madri.

Embora considere o Milito inferior tecnicamente ao Higuaín (também fez boa temporada no Real Madrid/ESP) e Agüero (foi ofuscado pelo companheiro uruguaio Forlán no Atlético de Madrid/ESP nesta temporada, que terminou com a conquista da Liga Europa diante do Fulham/ING), apostaria nele. De todos, vejo o Palermo como a última opção, pois não tem muitos recursos técnicos. Os maiores diferenciais do experiente centroavante do Boca Juniors/ARG são a garra e a estrela em partidas decisivas. É um bom nome, mas atrás dos demais.

Não digo que tenho inveja dos hermanos, mas seria bom, no plano das ideias ao menos, imaginar um dilema parecido na Seleção Canarinho: que ataque formar com opções como Luís Fabiano, Robinho, Nilmar, Neymar e Alexandre Pato? De qualquer maneira, com ou sem esse quebra-cabeça, avante Brasil! Como disse o Felipe Melo, a Argentina deve fazer uma grande campanha, mas esperamos que fique atrás dos pentacampeões.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Seleção Dunguista


Na última terça-feira, dia 11, foi divulgada a lista dos 23 jogadores que, em princípio, defenderão a Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, cujo início está marcado para o mês que vem. Utilizei o termo "em princípio" porque, nesse período, com os campeonatos se desenrolando mundo afora, não é tão improvável que algum desfalque ocorra por contusão, como mostra a história do Brasil nos últimos mundiais. O pragmático Dunga apresentou, para surpresa de todos - ou quase todos - duas surpresas. Isso mesmo! Mas, infelizmente, elas não atenderam pelos nomes de Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso ou Neymar, mas sim por Gomes e Grafite.

A lista é formada pela trinca de goleiros Júlio César (Internazionale/ITA), Doni (reserva na Roma/ITA) e Gomes (Tottenham/ING - uma das surpresas da relação), pelos laterais-direitos Maicon (Internazionale/ITA) e Daniel Alves (Barcelona/ESP), pelos zagueiros Lúcio (Internazionale/ITA), Juan (Roma/ITA), Thiago Silva (Milan/ITA) e Luisão (Benfica/POR), pelos "falsos" laterais-esquerdos, já que atuam como meias em seus times, Gilberto (Cruzeiro) e Michel Bastos (Lyon/FRA) e pelos volantes Gilberto Silva (Panathinaikos/GRE), Felipe Melo (Juventus/ITA), Josué (Wolfsburg/ALE), Ramirez (Benfica/POR) e Kleberson (Flamengo) completando o sistema defensivo. Os jogadores ofensivos são os apoiadores Kaká (Real Madrid/ESP), Júlio Baptista (reserva na Roma/ITA) e Elano (Galatasaray/TUR) e os atacantes Luís Fabiano (Sevilla/ESP), Robinho (Santos), Nilmar (Villareal/ESP) e Grafite (Wolfsburg/ALE - outra surpresa).

Um elogio que cabe me fazer ao técnico canarinho é a exclusão de Adriano "Imperador", centroavante flamenguista, da lista de convocação. Com força física e qualidade técnica, o jogador fez de tudo - absolutamente tudo o que estava ao seu alcance - para ser relegado, numa das situações provavelmente mais emblemáticas de todos os tempos envolvendo convocação para Copa do Mundo. Com diversos problemas físicos e, principalmente psicológicos, aliado a um descomprometimento voraz, Adriano conseguiu acabar com a imensa confiança que Dunga detinha nele. Ponto pro nosso rabugento técnico.

Em contrapartida, como deixar de fora craques como Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso e Neymar, que seriam uma solução criativa para a Seleção Brasileira, que convive com a desconfiança da performance de Kaká, com uma pubalgia crônica? Sem o craque do Real Madrid, corremos o risco de ver um meio-campo recheado de marcadores sem habilidade (Gilberto Silva, Felipe Melo, Ramirez e Júlio Baptista) à altura da equipe amarela. A justificativa (a Seleção foi formada em três anos e pouco, nas palavras do nosso treinador) de não convocar o dentuço e os meninos do Santos, aproveitando o reserva da Roma Júlio Baptista, é plausível? Para mim, de jeito nenhum.

O apelo patriótico patético do auxiliar Jorginho durante a entrevista coletiva de Dunga após a divulgação dos convocados simboliza bem a relação que a torcida brasileira tem, no geral, com sua seleção: falta de empolgação. Sim, vestiremos a camisa brasileira na Copa, eu inclusive, mas temos a sensação de abrir mão de um futebol alegre e vistoso, como determina nossas tradições pentacampeãs.

A lista de espera, formada pelo zagueiro Alex (Chelsea/ING), pelo lateral-esquerdo Marcelo (Real Madrid/ESP), pelo volante Sandro (Internacional), pelos apoiadores Ronaldinho Gaúcho (Milan/ITA) e Paulo Henrique Ganso (Santos) e pelos atacantes Carlos Eduardo (Hoffenheim/ALE) e Diego Tardelli (Atlético-MG), que poderá ser acionada se houver contusão de um dos convocados, me enche de esperança. Não desejo a infelicidade pra ninguém, mas como seria bom ver Ganso e Gaúcho no nosso combativo meio-campo, que possui feição italiana.

O Brasil continua entre os favoritos em virtude do seu peso e entrosamento (Dunga, por seus méritos, tem o time nas mãos), mas não agrada completamente. Falta alguma coisa. Futebol, talvez.

Assim como um dos milhões de "técnicos" espalhados em todo país, tenho minha lista de preferência, que seria formada da seguinte maneira:
Goleiros: Júlio César, Hélton (Porto/POR) e Victor (Grêmio)
Laterais-direitos: Maicon e Daniel Alves
Zagueiros: Lúcio, Juan, Thiago Silva e Miranda (São Paulo)
Lateral-esquerdo: Marcelo
Volantes: Gilberto Silva, Felipe Melo, Hernanes (São Paulo), Ramirez e Lucas (Liverpool/ING)
Apoiadores: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso e Diego (Juventus/ITA)
Atacantes: Luís Fabiano, Robinho, Nilmar e Neymar (Santos)

Convoco apenas um lateral-esquerdo porque temos carência nessa posição (refletida pela convocação de dois atuais meio-campistas por Dunga), abrindo vaga para mais um volante, que é Gilberto Silva (não apresenta bom futebol há tempos, mas tem experiência e liderança na seleção, que podem nos ajudar bastante na luta pelo Hexa).

Bons jogadores foram deixados de lado tanto na minha lista quando na de Dunga, como o meia Alex (Fenerbahçe/TUR), porque o Brasil tem o "problema" de fabricar muitos craques. De qualquer modo, avante Brasil! Rumo ao Hexa!!!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Segue a lista dos times que já conquistaram os campeonatos estaduais Brasil afora. Parabéns aos campeões!!!

Grêmio (Rio Grande do Sul)
Avaí (Santa Catarina)
Coritiba (Paraná)
Santos (São Paulo)
Botafogo (Rio de Janeiro)
Atlético-MG (Minas Gerais)
Vitória (Bahia)
Murici (Alagoas)
ABC (Rio Grande do Norte) - maior campeão estadual do país, com 51 títulos
Fortaleza (Ceará)
Baré (Roraima)
União (Mato Grosso)
Atlético-GO (Goiás)
Ceilândia (Distrito Federal)

Com grande rival, Santos dá a bola pela 18ª vez em SP


Tido como o melhor time brasileiro da temporada de 2010 até então, dada a beleza e ofensividade de seu estilo de jogo, aliada à eficiência, o Santos se sagrou ontem, pela 18º vez de sua gloriosa história, o campeão paulista. O Alvinegro Praiano, que tem como maior ícone o atleta do século Pelé, encontrou no Santo André, representante do ABC paulista e da segunda divisão nacional, um grande rival na decisão do torneio.


O placar de 3 a 2 a favor do time azul representa fielmente o espírito do vice-campeão, que não se intimidou com a pressão de jogar diante do habilidoso time do Santos em plena Vila Belmiro e tendo a obrigação de buscar uma vitória por pelo menos dois gols de diferença para soltar em uníssono o inédito grito de "é campeão" no Campeonato Paulista (como o alvinegro havia ganhado o primeiro confronto por 3 a 2 e detinha a melhor campanha no certame, o Santo André precisava do placar mínimo de dois gols a favor para reverter a vantagem santista).


Com apenas 33 segundos de jogo, o Santo André já havia marcado, com Nunes, seu primeiro gol, mostrando que a equipe estava na luta pelo título. Aos sete minutos, igualdade no placar, com marca dos craques Robinho e Neymar: enquanto o primeiro deu passe de letra no ar dentro da grande área, o segundo passou por um adversário, pelo goleiro e ainda deixou outro jogador no chão antes de chutar alto, forte e cruzado nas redes.


Dois momentos seguidos que poderiam ter definido o jogo a favor do Santo André aconteceram num intervalo de dois minutos, aos 15 e 16 do primeiro tempo, com uma bola na trave e um gol de cabeça mal anulado pela arbitragem, que marcou impedimento inexistente. Mesmo assim, o time do ABC Paulista não esmoreceu e marcou o segundo tento aos 20 minutos da etapa inicial, em gol de cabeça do volante Alê após cobrança de escanteio.


Talvez temeroso de um possível favorecimento ao Santos por parte da arbitragem, agravado pelo gol mal anulado, o clube azul começou a perder a cabeça com Neymar, que caiu diversas vezes no gramado, ora por faltas, ora por encenação. Uma confusão generalizada foi iniciada, resultando na expulsão de um para cada lado: Léo, do Santos, e Nunes, do Santo André.


O primeiro tempo da segunda final do Campeonato Paulista ainda guardava mais emoções, com o gol do empate do Santos, após belíssimo passe do maestro Paulo Henrique Ganso de letra e de costas para Neymar, que nem precisou ajeitar a redonda antes de chutar rasteiro, à direita do goleiro Júlio César. Antes do apito do intervalo, o espetáculo ainda proporcinou aos espectadores expulsão justa do santista Marquinhos, após tesoura desleal num adversário, e o terceiro gol do Santo André, assinalado pela ótima revelação Branquinho.


A pressão da equipe da ABC aumentou no segundo tempo, em virtude da necessidade de mais um gol e da vantagem numérica (dez jogadores contra nove), que aumentou ainda mais com a expulsão do santista Roberto Brum, que entrara na etapa complementar no lugar de Neymar para aumentar o poder defensivo do Peixe. Aos 45 minutos, quase foi colocada água no chop do Santos, com a bola na trave de Rodriguinho. Mas parece que os Deuses do futebol queriam que o ofensivo futebol do Alvinegro Praiano ocupasse o lugar de campeão paulista no ano de 2010. Parabéns, Santos!!! Agora quem dá a bola é você, campeão paulista pela 18ª vez!!!


Embora tenha marcado impedimento inexistente no difícil lance que seria o segundo gol do Santo André, não tenha expulsado um jogador da equipe do ABC por entrada violenta (confesso que foge-me o nome dos atletas envolvidos no lance) e ainda tenha ignorado pênalti no santista Arouca, a arbitragem soube controlar o jogo díficil e decisivo.


Escalações fos finalistas: Santos - Felipe, Pará, Durval, Edu Dracena e Léo; Rodrigo Mancha, Arouca, Marquinhos e Paulo Henrique Ganso; Neymar (Roberto Brum) e Robinho (André e depois Bruno Aguiar). Santo André - Júlio César, Cicinho (Rômulo), Halisson, Cesinha e Carlinhos; Alê (Pio), Gil, Branquinho (Rodrigão) e Bruno César; Rodriguinho e Nunes.
Os gols da partida podem ser vistos aqui.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Alvinegros brilham nos principais estaduais do Sudeste

Após terem se enfrentado nas finais dos três Campeonatos Cariocas anteriores, Botafogo e Flamengo novamente estiveram frente a frente em mais um jogo decisivo do torneio nesse último domingo, válido pela final da Taça Rio, segundo turno da competição. Enquanto uma vitória do lado alvinegro consagraria o time campeão carioca sem a necessidade de uma final, já que o Botafogo conquistou o primeiro turno (Taça Guanabara), uma vitória do Flamengo proporcionaria ao torcedor dois jogos finais, sendo travados pelos mesmos adversários.

O rubro-negro até poderia possuir um certo favoritismo se considerarmos a qualidade técnica dos jogadores de seu elenco, mas, sofrendo turbulências com questões envolvendo Libertadores, relacionamento do grupo e o isolamento do gringo Petkovic, perdeu certo valor na bolsa de apostas. Já o Botafogo, considerado por muitos a quarta força do Rio de Janeiro, vinha apresentando um futebol inteligente no aspecto tático, protegendo suas fraquezas e aproveitando as virtudes, como as jogadas aéreas endereçadas ao uruguaio El Loco Abreu. Entretanto, o time carregava o estigma de freguês do Flamengo, já que perdera os três últimos Campeonatos Cariocas para o arquirrival.

Sob a batuta do técnico "Rei do Rio" Joel Santana, o Botafogo tratou de enterrar qualquer desconfiança, se é que existia, e ganhou por 2 a 1, com gols de pênaltis do ataque mercosul El Loco Abreu e Herrera. O Flamengo descontou com Vágner Love e ainda perdeu um pênalti com o outro membro do "Império do Amor", Adriano, muito bem defendido pelo bom goleiro Jéferson. Parabéns ao Botafogo, que conquistou o 19º Campeonato Carioca de sua gloriosa história e tem uma diretoria séria e trabalhadora. Já ao Flamengo resta juntar os cacos e lutar, até o último segundo, pela classificação na Libertadores nessa quarta-feira, diante do venezuelano Caracas, no Maracanã.

Em São Paulo, no domingo observamos o clássico San-São, que colocou dois opostos em campo. Enquanto o São Paulo prima, já há alguns anos, pelo futebol de resultado, com uma defesa sólida, meio-de-campo pegador e ataque eficaz, o Santos pode ser comparado, guardadas as devidas proporções, ao Barcelona, já que tem uma excelente média de gols alavancado por um ataque fortíssimo, cujos principais nomes são Paulo Henrique Ganso, Neymar e Robinho (outros jogadores como André, Marquinhos e o reserva Madson, por exemplo, sempre contribuem muito com o time). Após ter ganhado do São Paulo no Morumbi por 3 a 2, o time do Rei Pelé não tomou conhecimento do adversário na Vila Belmiro. Com dois gols de Neymar, que tem tudo para ser o melhor jogador do planeta daqui a alguns anos, e um de Ganso, o time goleou o Tricolor Paulista por 3 a 0. O vistoso time do Santos avançou para a final do Campeonato Paulista, que será disputada contra o Santo André. Parabéns ao time do Santos, que nos encanta com seu futebol técnico, moleque e atrevido, sempre em prol do maior objetivo do futebol: o gol.

Já em Minas Gerais, o Atlético-MG conseguiu se classificar para a final do Campeonato Mineiro após ter empatado com o Democrata no Mineirão em 0 a 0 (no primeiro confronto, disputado no Ipatingão, no Triângulo Mineiro, o Galo venceu por 2 a 1). Apesar da vaga ter sido conquistada de maneira apertada, o Atlético-MG, comandado por Vanderley Luxemburgo, cumpriu com sua obrigação num campeonato que conta com apenas dois times grandes e vários coadjuvantes. A final será disputada com.... o Cruzeiro? Errado! O clube celeste, que irá disputar a segunda fase da Libertadores, conseguiu a proeza de perder para a filial Ipatinga por 3 a 1 em Belo Horizonte (no jogo de ida, houve empate por 0 a 0 no Ipatingão).

Não importa se o Cruzeiro entrou com time misto, já que prioriza a competição sul-americana, mas é fato que a equipe tomou um banho de bola do rival. Além de ter sido desclassificado na semifinal por um time de menor expressão, o Cruzeiro acabou escapando de uma goleada histórica. Se não fossem os inúmeros erros de arbitragem, o time poderia ter tomado mais três gols, uma vez que o Ipatinga foi prejudicado pela não marcação de duas penalidades máximas e pela anulação de um gol legal. Os diversos erros capitais causaram ira no presidente do Ipatinga, Itair Machado, que afirmou, com revolta, que poderia não disputar a final do Campeonato Mineiro como sinal de completa indignação. Vamos torcer para que a ameaça não se concretize, pois o time mereceu, no campo, chegar à final contra o Galo.

Parabéns aos três alvinegros do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que estão, cada um da sua maneira, de portando da maneira que são: como times grandes.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Os deuses e amantes do futebol agradecem

Sei que abordei no meu último post no blog o futebol praticado pelo cracaço Messi, do Barça/ESP. Não economizei nos elogios, pois o hermano tem se destacado de uma maneira que nenhum outro jogador se aproxima atualmente. Mas como não ser repetitivo, exaltando o atleta, depois dele ter dilacerado a defesa do bom time do Arsenal/ING? De fato, o Barcelona era o favorito na disputa por uma vaga nas semifinais da Champions League 2009/2010 contra a equipe londrina, mas poucos esperavam o que ocorreu.

Depois de construir o placar de 2 a 0 no Emirates Stadium, na Inglaterra, o time catalão acabou cedendo o empate ao rival no fim do jogo. O lance do segundo gol do Arsenal, marcado de pênalti pelo excelente meia espanhol Fábregas, ainda ocasionou a expulsão do respeitado zagueiro Puyol, desfalcando o Barcelona na partida de volta. Além disso, não podemos desconsiderar, já no segundo jogo, as ausências dos ótimos Ibrahimovic e Henry (o último foi relacionado para o banco de reservas, mas não entrou no decorrer da partida). As pérolas Pedro e Bojan os substituiram.

No desafio travado no Camp Nou, na Catalunha, o Arsenal saiu na frente, mas, dando indícios de que complicaria bastante a tarefa do time da casa. Essa era a tendência. Mas ficou só na expectativa, já que o Barcelona virou o marcador para 3 a 1, ainda no primeiro tempo, com um show à parte de Lionel Messi, autor dos três gols.

O argentino, que já mostrara o quanto cada euro desembolsado pelo torcedor presente no Camp Nou havia valido a pena, ainda conseguiu marcar o quarto gol no fim da etapa complementar. É difícil, para não dizer impossível, medir o tamanho do feito do jogador, que acabou com o bom e tradicional Arsenal numa quartas-de-final de Champions League (competição de futebol mais importante do continente europeu) marcando quatro gols no segundo jogo. Como não ser repetitivo destacando a sobre-humana e regular performance de Messi?

Apesar de diferentes, os quatro gols nos mostram como é infindo o repertório do argentino. Enquanto no primeiro o jogador conseguiu "tabelar" com as pernas de um adversário e acertar um chutaço da meia-lua, no segundo ele recebeu a bola na grande área, driblou um adversário e chutou alto e cruzado, sem chances de defesa para o goleiro Almunia. Já no terceiro, o craque foi contemplado com um ótimo lançamento e, aí, partiu de trás com muita velocidade e encobriu o pobre arqueiro do Arsenal, com um leve toque quase à risca da grande área. Por fim, no quarto gol, driblou dois rivais, conduziu a bola para a diagonal esquerda do ataque do Barça e chutou cruzado. O goleiro Almunia até defendeu, mas, no rebote, foi abatido.

Velocidade, habilidade, colocação, oportunismo, precisão e um certo golpe de sorte são algumas das características marcantes de Messi, que não é centroavante de origem. Depois do estrondoso futebol de Ronaldinho Gaúcho principalmente entre os anos de 2004 e 2005, quando foi eleito o melhor jogador do mundo no mesmo Barcelona, nenhum outro foi tanto admirado quanto Messi, ganhador do prêmio no ano passado (nem Cristiano Ronaldo e tampouco Kaká jogaram tanto quanto o Gaúcho e o argentino).

Acho absurda a comparação de Messi com Pelé, que ganhou três Copas do Mundo e marcou mais de mil gols. Não apenas pela qualidade técnica do Rei do Futebol, mas porque as épocas dos dois craques são muito distintas. Mas digo, certamente, que Messi caminha a passos largos para encravar de vez seu nome no roll dos maiores jogadores do esporte bretão de todos os tempos. E isso tendo o jovem apenas 22 anos. Até onde chegará Messi? Impossível responder a pergunta, mas eu espero estar lá para ver. Todos devemos agradecer pela oportunidade de vê-lo jogar, desde os pobres mortais aos deuses do futebol.

O vídeo com os gols de Messi e mais alguns comentários sobre seu desempenho no clássico europeu contra o Arsenal podem ser vistos aqui.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Como tem jogado Messi


O jovem argentino Messi, que atualmente tem apenas 22 anos, tem jogado o fino no timaço do Barcelona/ESP. Ao lado de feras como Xavi, Iniesta, Daniel Alves, Pedro, Bojan, Ibrahimovic e Henry, entre outros, o hermano tem levado as defesas rivais à loucura. Não apenas pelas arrancadas, belos dribles e imensa visão de jogo, mas também pelos muitos gols que tem feito, apesar de não ser centroavante. Na Liga dos Campeões, por exemplo, desmoronou a defesa do Stuttgart/ALE, na goleada por 4 a 0. Além de ter feito dois gols, o craque ainda deu uma assistência. Vale ressaltar que, na partida anterior e na seguinte a essa, ambas pelo Campeonato Espanhol, ele fez seis gols, sendo três contra o Valencia (vitória por 3 a 0) e três contra o Zaragoza (vitória por 4 a 2, em jogo que ainda sofreu pênalti convertido por Ibrahimovic).

Ainda não sei se Messi já atingiu o mesmo patamar que o nosso Ronaldinho Gaúcho no Barça, entre os anos de 2003 e 2005, principalmente. O que o dentuço fazia naquela época era difícil de descrever, pois só mesmo vendo para crer. Entretanto, Messi parece ser daqueles jogadores que encantam o futebol e que podem ganhar um título "sozinho", como Maradona fez na Copa do Mundo de 1986, por exemplo. A Seleção Brasileira precisa abrir o olho. Muitos consideram Espanha e Inglaterra os principais rivais canarinhos na Copa da África do Sul. Mas é bom respeitar a nossa vizinha Argentina, que pode ser campeã sob batuta do grande Lionel Messi.

Saída do Mancini no Vasco era a melhor solução


A trajetória do Vasco após a perda da final da Taça Guanabara para o Botafogo foi marcada por péssimas atuações e resultados ainda piores. Após ganhar os três primeiros jogos da Taça Rio (2 a 1 contra o Volta Redonda, 2 a 0 contra o Bangu e 1 a 0 contra o Boavista), o Gigante da Colina amargou três derrotas consecutivas (1 a 0 para o arquirrival Flamengo, 1 a 0 para o Olaria e 3 a 2 para o Americano). Salvo a performance contra o rubro-negro, que foi boa apesar do placar, a equipe demonstrou uma latente queda técnica em relação ao primeiro turno do Campeonato Carioca. Na Copa do Brasil a situação não foi diferente, já que o cruzmaltino eliminou o fraco Sousa-PB com os apertados placares de 2 a 1 e 0 a 0 e, ainda, empatou em 1 a 1 com o ASA-AL.

Como explicar uma sequência tão longa de resultados medíocres? O que aconteceu para que o Vasco tivesse uma queda tão acentuada de produção? Nos bastidores comenta-se que o ex-técnico Vágner Mancini perdeu o comando e a "simpatia" de alguns jogadores, sobretudo por não ter um time titular definido. A cada jogo do Vasco, víamos escalações diferentes (mesmo contabilizando as mudanças forçadas, com lesões e suspensões de jogadores) e esquemas diferentes. Em pouco mais de um mês o time jogou no 4-4-2, 3-5-2, 3-6-1 e 4-3-3. Excluindo poucos titulares absolutos de Mancini, como Fernando Prass, Fernando, Titi, Márcio Careca, Carlos Alberto e Philippe Coutinho, um verdadeiro rodízio foi feito na equipe.

De uma ora pra outra o esquecido Fumagalli, que nem ficava no banco de reservas, se tornou titular em dois jogos, por exemplo. Simultaneamente, o apoiador Magno, da mesma posição e que vinha sendo o reserva imediato do craque Carlos Alberto, foi preterido. Já o prata-da-casa Souza, que tem um potencial enorme, passou a ficar à margem do fraco e violento Paulinho. De titular na Taça Guanabara, o Léo Gago passou a ficar fora da lista dos relacionados. Quando as coisas não vão bem, mudanças precisam ser feitas. Mas mudanças a rodo como aconteceram no Vasco em tão pouco tempo demonstram ansiedade, nervosismo e falta de confiança.

Lógico que o Vágner Mancini não pode ser responsabilizado por tudo, como a péssima fase do artilheiro Dodô, bem simbolizada pela perda de dois pênaltis contra o Flamengo. Também nos parece evidente que ele não tem culpa pelas diversas contusões de Carlos Alberto, que deveria estar liderando o time em campo. Porém, a parcela de culpa do técnico é enorme na medida em que bons jogadores não renderam o que deles se esperava.

O volante Rafael Carioca, eleito o segundo melhor cabeça-de-área pela direita no Brasileirão de 2008, desaprendeu a jogar? O polivalente Léo Gago, que talvez tenha sido o maior destaque na surpreendente campanha do Avaí no Brasileirão do ano passado, não sabe mais passar uma bola? O Souza, que foi titular jogando bem na Seleção Brasileira sub-20 no mundial da categoria, disputado no ano passado no Egito, se tornou um jogador pragmático? O Márcio Careca, que era um dos principais homens-surpresa do bom Barueri, em 2009, não sabe mais chutar ou cruzar uma bola? Os beques Gustavo e Thiago Martinelli não sabem mais efetuar bons desarmes como faziam em seus clubes anteriores? E o que falar do Dodô, que perdeu o faro de gol e o ritmo de jogo, e do Rafael Carioca, que, de goleador do Figueirense, se tornou apenas um fraco esforçado?

É consenso que o Vasco não tem um elenco que arranque suspiro de um amante de futebol, como eu. Mas, pelo menos pra mim, o plantel formado em 2010 é o melhor de anos. O time possui pouquíssimos jogadores que podem desequilibrar uma partida, como Carlos Alberto, Philippe Coutinho e Dodô. Mas possui bons titulares e alguns reservas de nível semelhante. Por mais que o elenco não seja brilhante, convenhamos, é um elenco para conquistar os últimos resultados? A chegada de um novo técnico pode provar ou derrubar minha tese. Afinal, a imprevisibilidade do futebol é, talvez, uma de suas maiores magias.


sexta-feira, 19 de março de 2010

Muralhas cariocas

Se o Rio de Janeiro parece estar voltando ao posto das maiores forças do futebol brasileiro, muito se deve aos goleiros dos quatro grandes times, que atravessam boa fase há um bom tempo. Com os dois pênaltis defendidos contra o Vasco no domingo passado, embora tenha se adiantado bastante na segunda cobrança, o arqueiro rubro-negro Bruno passa segurança entre as balizas mesmo falhando em alguns gols vez ou outra. Considero os pedidos de sua convocação para a Seleção Brasileira exagerados, pois vejo pelo menos três goleiros acima dele no momento (Júlio César, Hélton e Victor). Entretanto, mesmo com diversos problemas extracampos - como as declarações sobre "quem nunca saiu no tapa com a mulher?" -, não nego o bom momento técnico.

Depois de muitos anos, desde a saída de Fábio para o Cruzeiro, o Vasco finalmente buscou uma referência para o gol. Com serenidade fora dos gramados e reflexos apurados, Fernando Prass encanta a torcida cruzmaltina, se tornando um dos poucos não responsabilizados pelo recente mau desempenho da equipe, que sofreu uma queda vertiginosa de produção a partir de fevereiro. O experiente goleiro já havia se destacado no Coritiba, mas como passou muitos anos em um pequeno clube português, o União Leiria, tem ganhado o maior reconhecimento em sua carreira agora, após ter passado a casa dos 30 anos.

Já o Fluminense tem contado com um sólido sistema defensivo que começa nas mãos de Rafael. O goleiro havia se destacado no Vasco no fim de 2008, mesmo tendo jogado apenas oito partidas no Brasileirão e tendo sido rebaixado com a equipe. Sua imagem ficou bastante arranhada no início de 2009, pois o atleta forçou uma saída do gigante da colina, com o acúmulo de atos de indisciplina na pré-temporada daquele ano, para aportar no Fluminense, que lhe enviou uma proposta mais vantajosa no aspecto financeiro. Após demorar a ultrapassar os concorrentes Fernando Henrique e Ricardo Berna, o goleiro entrou no time para não sair mais. Foi um dos principais responsáveis pela histórica reação tricolor no Brasileirão-2009, na fuga da queda para a Série B.

Não menos seguro e talentoso é o goleiro botafoguense Jéfferson, que já havia atuado no time em anos anteriores. Depois de uma longa passagem pelo futebol turco, o jogador foi contratado com a missão de melhorar as péssimas estatísticas da defesa do Botafogo, que lutava contra o rebaixamento. Com defesas brilhantes, o goleiro logo se tornou ídolo (creio que em sua primeira passagem não conquistara tal posto no imaginário da torcida). Contra o Santa Cruz, na última quarta, pela Copa do Brasil, o goleiro fez uma série de boas defesas e ainda se deu ao luxo de defender um pênalti.

O futebol carioca continua com diversos problemas estruturais e com alguns atrasos de pagamentos de salários. Em muitos aspectos, a gestão precisa melhorar. Os times estão mais fortes em relação aos últimos anos, de uma maneira geral, mas ainda apresentam problemas. Talvez, salvo o Flamengo, nenhum entre na disputa do Brasileirão deste ano entre os favoritos ao título. Pelo menos, enxergo que o futebol do Rio de Janeiro está bem servido no gol. Se um bom time começa pelo gol, os times cariocas partem de uma perspectiva otimista para montar elencos fortes no segundo semestre.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Contrastes entre os dois gigantes espanhóis

Com um gasto de pouco mais de R$600 milhões em craques como Kaká, Cristiano Ronaldo e Benzema, entre outros caros coadjuvantes, o Real Madrid/ESP montou o seu elenco para a temporada 2009/2010. O grande sonho do time nesse período, em dúvida nenhuma, era a conquista da Champions League, ainda mais pelo palco da final ser o seu próprio estádio: o Santigo Bernabeu.

No entanto, a maldição que acompanhava o time há cinco temporadas, se repetiu em 2009/2010, já que o Real foi eliminado novamente nas oitavas-de-final do campeonato. Dessa vez, o algoz foi o francês Lyon, que provavelmente possui um de seus times mais fracos no século XXI.

Passa ano e sai ano e a sina do Real continua a mesma, uma vez que o estelar clube insiste em contratar jogadores a peso de ouro com o intuito de faturar milhões em marketing. Mas a função social da instituição, que é ser uma agremiação de futebol, acaba ficando de lado. Embora os merengues tenham contratado zagueiros como Albiol e Arbeloa, o time ainda ressente de um sistema defensivo mais sólido - a exceção é o bom goleiro Casillas - e de entrosamento. Outro velho problema do clube tem nome e sobrenome: Raul Gonzalez, que não larga seu trono nos galácticos de jeito nenhum mesmo ficando na reserva.

Por fim, vamos ser justos: ninguém contava com a má fase de Kaká, adaptadíssimo ao futebol italiano, mas com uma lesão crônica que vem atrapalhando seu desempenho no clube espanhol e na Seleção Brasileira do técnico Dunga. Seria justo dar um tempo maior para o craque encontrar seu espaço e se livrar dos problemas físicos. Mas como cobrar isso de uma torcida acostumada a ver os maiores craques do mundo e que celebra a boa fase do luso Cristiano Ronaldo, que foi contratado no mesmo período do atleta brasileiro?

Enquanto o Real, clube de maior orçamento do mundo, vive uma tênue linha entre acontecimentos nos meios esportivo e do marketing, seu arquirrival Barcelona, que ultrapassou a arrecadação do inglês Manchester United recentemente, encanta o mundo com seu futebol eficiente, vitorioso e, sobretudo, encantador.

Mesmo com a má fase do excelente atacante francês Henry, o time catalão brilha nos gramados sob a regência de Messi, Ibrahimovic, Daniel Alves, Xavi e Iniesta, entre outros. Uma das grandes diferenças entre Barcelona e Real Madrid é a quantidade de bons jogadores revelados pelo primeiro, que hoje sairiam de lá em negociações envolvendo grandes cifras.

Além dos habilidosos Xavi e Iniesta, o Barça ainda tem em seu time titular os pratas-da-casa Valdés, Piqué e Puyol. Outros jogadores, como Pedro e Bojan, sempre entram muito bem no time. O rico Barcelona revela grandes valores e contrata jogadores de acordo com suas "deficiências". Já para o Real Marketing Madrid, o importante é ter nomes de peso. No último caso, lamento, cada vez mais, a diluição da magia chamada futebol.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Enquanto isso...



Enquanto o imperador Adriano gera diversas manchetes nos jornais em decorrência do futebol e dos aspectos extracampo, vemos dois jovens atacantes brasileiros brilhando cada vez mais. Não acharia má idéia convocar o abusado Neymar, do Santos, ou o talentoso Alexandre Pato, do Milan/ITA, para a Copa. Ambos desempenhariam papel semelhante ao do Ronaldo Fenômeno no Mundial de 1994, quando ganhou experiência e se tornou um dos principais jogadores brasileiros nas Copas seguintes mesmo sem ter entrado em campo naquele ano. Talvez a experiência fosse válida. Caso entrassem em campo, poderiam incendiar uma partida, ao meu ver.

Recentemente, Dunga convocou na posição dois atacantes que atuam no futebol alemão: Grafite (Wolfsburg) e Carlos Eduardo (Hoffenheim). Nada contra os dois, que certamente são bons jogadores. Mas não atravessam momentos tão bons quanto Neymar e Alexandre Pato. Enquanto o primeiro brilha no ótimo time do Santos, que é o melhor do futebol brasileiro neste início de ano, o segundo sempre marca seus gols - muitas vezes com assistências do gênio Ronaldinho Gaúcho - no Scudetto. Talento não falta para os dois jovens atletas. Ambos poderiam ser um alento na pragmática e óbvia batalhadora seleção da era Dunga.

Adriano - o imperador da instabilidade


A repercussão da confusão envolvendo o atacante do Flamengo Adriano e a sua noiva, Joana Machado, na madrugada da última quinta para sexta-feira (dias 4 e 5), estampou manchetes de diversos jornais especializados em esporte, inclusive do exterior. Descontrolada com a saída do atacante, que foi a uma festa no Morro da Chatuba, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a loira brigou feio com o jogador e apedrejou os carros de outros atletas do Flamengo que se encontravam no local (Álvaro, Vágner Love e Dênis Marques). O goleiro Bruno também não deixou de comparecer à celebração.

Quando optou por abandonar o futebol há cerca de um ano, rescindindo o milionário contrato que tinha com a Internazionale/ITA, o imperador alegou que estava infeliz e que precisava de um tempo no Brasil, mais precisamente na favela carioca onde nasceu, Vila Cruzeiro, para resgatar a felicidade. No entanto, semanas depois, firmou contrato com o rubro-negro, que o revelou para o futebol. Entre regalias, como o direito de faltar muitos treinos, e gols, se tornou peça-chave do campeão brasileiro Flamengo, uma vez que foi o artilheiro da competição junto com o atleticano Diego Tardelli (cada um assinalou 19 tentos).

Depois de ter garantido a permanência no rubro-negro para a temporada de 2010, o imperador disputou cinco dos 11 jogos da equipe no ano até o momento e faltou muitos treinos. Agora, eclodiu mais uma confusão do centroavante longe dos gramados. A instabilidade emocional de Adriano é evidente. A perda do pai e o meteórico sucesso no futebol europeu pesaram na cabeça de um jogador oriundo de uma comunidade carente do Rio de Janeiro mais que dez bigornas. Adriano e dirigentes do Flamengo já confirmaram que o jogador tem problemas com o álcool. Muitos especulam que o buraco é mais embaixo, com o envolvimento de drogas ilícitas. Seja qual for a questão, é evidente que o jogador tem uma cabeça fraca e desequilibrada.

Não devemos negar ajuda a ele, mas também não podemos passar a mão na cabeça imperial o tempo todo como se ele fosse uma criança e não pudesse responder por seus atos. O próprio pragmático técnico da Seleção Brasileira Dunga declarou que o imperador precisa abrir o olho, pois a Copa vem aí.

Considerando todos os aspectos extra-campo vivenciados pelo artilheiro e o fato de não ser mais o jogador de outrora (entre os anos de 2004 e 2006), embora ainda se destaque, será que o jogador, que está fora do peso, merece - esse é o melhor verbo - estar na Seleção Brasileira? O Brasil possui tantos destaques na posição, mas insiste em contar com ele. Não há uma dependência de seu futebol. Ele é importante, mas não imprescindível. Pelo que está fazendo, não merece ir para a Copa. Seria uma "recompensa" por seus desvairados e instáveis atos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Tradição vascaína em xeque

Recentemente, o técnico do Vasco da Gama, Vágner Mancini, se queixou da desgastada relação entre Vasco e torcida. O comandante do time carioca disse que não entendia o relacionamento visto que a equipe havia conquistado mais de 75% dos pontos disputados no Campeonato Carioca, tendo uma seqüência de seis partidas com vitória. O que justifica a revolta dos fãs cruzmatinos, que no insosso empate sem gols contra o Sousa-PB, em jogo válido pela partida de volta da primeira fase da Copa do Brasil, chegaram a ficar de costas para o gramado?

Embora a grande maioria dos atletas do atual elenco vascaíno esteja no clube há um tempo relativamente pequeno - com exceção dos jovens oriundos das categorias de base, o mais antigo é o goleiro reserva Tiago, que aportou no Gigante da Colina no início de 2008 após boa passagem pela Portuguesa-SP -, eles precisam compreender que a torcida do Vasco tem uma impaciência maior que muitas outras pois o último título de primeira divisão foi conquistado em 2003 (Campeonato Carioca, pois não consideramos os turnos, seja Taça Guanabara ou Taça Rio, desta competição).

Além disso, o Vasco protagonizou no século XXI o maior vexame de sua história, com o inédito rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2008. Mesmo tendo conquistado o torneio no ano seguinte, a tradição vascaína recebeu uma dolorosa mancha. Por fim, muitos acusam o time de amarelar em partidas decisivas, especialmente contra o arquirrival Flamengo (descontadas as finais de turnos do Campeonato Carioca, o cruzmaltino perdeu as últimas cinco decisões para o rubro-negro).

Mesmo tendo conquistado 75% dos pontos no Cariocão deste ano, como afirmou Vágner Mancini, é notório que o time não apresenta um bom desempenho desde a quinta rodada da Taça Guanabara, quando superou o Friburguense por 3 a 0, com três gols de Dodô, o artilheiro dos gols bonitos. Até o momento, se passaram sete partidas, com uma derrota (simplesmente na final da Taça Guanabara, para o Botafogo), três empates (Madureira, Fluminense - vitória nos pênaltis - e Sousa-PB) e três vitórias (placares apertados contra Resende, Sousa-PB e Volta Redonda).

Considero o plantel vascaíno o melhor dos últimos seis anos, pelo menos. Mas o time não engrena. Não engrena por falta de vontade de alguns jogadores e por decisões equivocadas de Vágner Mancini, que considera - ou fingi considerar - que tudo está a mil maravilhas na caravela cruzmaltina. O atual técnico é promissor, mas precisa entender que está comandando um clube grande. Grande não. Gigante, gigantesco. Das duas uma: ou Mancini peca por ter uma mentalidade pequena à frente de um time colossal ou erra por não admitir seus erros, mesmo que sejam por inexperiência e falta de total adaptação. O Vasco precisa se portar com o tamanho que possui. Ele e os profissionais que o comandam. Depois da tempestade, aguardamos, esperançosos, pela calmaria.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Era Dunga na seleção traz à tona o pragmatismo

Se analisarmos o desempenho do técnico Dunga à frente da Seleção Brasileira iremos nos deparar com ótimos resultados, já que, durante sua era, a equipe canarinho acumulou os títulos da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009. Além disso, nas mãos do comandante, a seleção chegou à "conquista" da liderança nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 e ao terceiro lugar nas Olimpíados de 2008, realizadas em Pequim. Os números, numa análise fria e racional, são bem sólidos.

No entanto, torcida e mídia não se empolgam com o futebol demonstrado pela Seleção, que, historicamente, prima pela ofensividade e jogadas bonitas. Por que, afinal, o técnico prefere apostar em jogadores esforçados e limitados como Elano e Júlio Baptista em vez do mago da bola Ronaldinho Gaúcho, que, mesmo sem mostrar o futebol dos tempos de Barcelona, tem ido bem no Milan?

Com os números e resultados a seu favor, Dunga se apóia nos mesmos argumentos que utilizou quando assumiu a Seleção Brasileiro, em julho de 2006. Priorizando os jogadores que têm vontade de vestir a camisa amarela (e que muitas vezes preteriram seus times), como costuma dizer, o técnico leva a campo um time sólido na defesa - com a muralha no gol denominada Júlio César -, sóbrio no meio-campo e com um ataque eficaz. Não podemos tirar os méritos do técnico ao apostar, por exemplo, no centroavante Luís Fabiano, do Sevilla, que estava afastado da seleção há muito tempo.

Entretanto, baseado no discurso de que a concentração e vontade dos jogadores prevalecerão, prefere convocar jogadores esforçados em vez de gênios da bola. Será que a volta do bom futebol do dentuço e a sua decisão de participar das Olimpíadas de 2008, quando craques como Robinho e Kaká se recusaram a disputá-la, não são preponderantes na balança do Dunga? Por que o técnico sempre protege o Robinho e Kaká, que atravessam má fase há algum tempo (o rei do drible pode estar recuperando o ritmo no Santos), e ignora solenemente o apelo popular em prol da convocação do Ronaldinho Gaúcho?

Mesmo que o técnico não pretenda mudar seu esquema com três volantes, um apoiador e dois atacantes, o dentuço seria bastante útil no banco de reservas. Caso o Kaká desfalque a seleção em algum jogo da Copa, quem terá a responsabilidade de criar as jogadas ofensivas? Elano? Júlio Baptista? Kleberson? Ramirez? Alguém confia tamanho papel neles?

Com a máscara da sempre repetida "coerência", já que, na nossa acepção, ela não é aplicada corretamente no conceito de Dunga, o técnico está descartando um jogador que poderia ser o diferencial de uma seleção que busca o hexacampeonato mundial. Como brasileiros, torceremos para o pragmático futebol do time do teimoso Dunga. Ele poderá ganhar a Copa e "calar" a crítica do país, como já fez Felipão no caso do Romário? Lógico que sim. Mas, certamente, sua equipe não fará parte dos times idealizados pelos amantes do bom e velho habilidoso futebol brasileiro.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Final da Taça GB 2010 - Rio em preto e branco

No último domingo, dia 21, foi realizada a final da Taça Guanabara de 2010, correspondente ao primeiro turno do Campeonato Carioca. O jogo foi um embate entre dois gigantes da cidade, que, coincidentemente, trajam as mesmas cores preta e branca nos uniformes. Embora tenham alcançado o posto de finalista com totais méritos, não podemos negar que, de certo modo, a final foi surpreendente, uma vez que os dois times favoritos por grande parte da torcida e mídia especializada eram Flamengo, último campeão brasileiro, e Fluminense, que escapou do rebaixamento na mesma competição no ano passado com uma arrancada surpreendente e histórica.

Dois dos jargões mais comuns no esporte bretão são que o futebol não é uma ciência exata e que uma partida não é ganha fora de campo, antes de se jogá-la. Talvez uma das grandes peculiaridades desse secular esporte resida mesmo no fato de que ele torna possível o sucesso do improvável e a queda do improvável. Não queremos entrar no mérito de discutir tradição, afinal Vasco e Botafogo, finalistas da Taça GB, são gigantes não apenas no cenário brasileiro, mas também no internacional. Temos a intenção de revelar os segredos que emanam de uma grande final como a do último domingo.

Como podemos explicar o sucesso do Botafogo, que depois de despachar na semifinal o Flamengo com uma virada por 2 a 1, conseguiu ganhar do favorito Vasco por 2 a 0? Como um time em frangalhos, após sofrer uma acachapante goleada por 6 a 0, conseguiu se reerguer e chegar ao título do primeiro turno do Carioca?

Todo o sucesso pelo qual o Botafogo justamente desfruta passa pelos dedos, visão e experiência do estrategista Joel Santana, técnico cuja alcunha é "Rei do Rio". Reconhecendo as muitas limitações técnicas do time - o titular não possui jogadores que desequilibram individualmente e não há grandes peças de reposição no plantel -, Santana implantou uma filosofia bem definida no time, que passa pelos cruzamentos aéreos na área e pela paciência em esperar os erros do adversário.

Sem atletas criativos no meio-campo, setor cerebral em qualquer equipe, o alvinegro se posta de maneira fechada em campo, com três zagueiros - Antônio Carlos, Fahel e Fábio Ferreira são os titulares - e dois volantes, sendo um deles, Eduardo, quarto-zagueiro de origem. Mesmo com os escassos cruzamentos do lateral-direito Alessandro, a bola chega na área adversária através do lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro e Lúcio Flávio. O atacante uruguaio El Loco, além de exímio cabeceador, também faz bem o trabalho de pivô. Já o hermano Herrera se desdobra em campo, exercendo funções ofensivas e defensivas. O Botafogo é um time eficiente, que cria poucas chances, mas que as aproveita bem, e também sofre poucos perigos na defesa. É um time limitado, mas que joga no limite. Focado. Entregue. Raçudo. Com a estrela do Joel.

Já o Vasco, apesar de ter jogadores reconhecidamente melhores tecnicamente, é um time preso em campo em virtude do excesso de volantes (Nilton, Souza e Léo Gago) e do nulo Élder Granja, que faz figuração e nem de longe lembra o bom jogador dos tempos de Lusa e Inter-RS. Com um lateral-esquerdo ofensivo (Márcio Careca), mas que não cruza, o time depende muito do talento de Carlos Alberto e Philippe Coutinho. Chamou minha atenção como ficaram sozinhos no jogo, sem ninguém para tabelar. O Dodô ficou mais isolado que uma floresta virgem. Por fim, o time continua insistindo em fazer linha de impedimento na defesa - tática suicida -, que é formada pelos lentos Fernando e Titi.

Ao Botafogo, com o atual elenco, não iremos sugerir mudanças táticas. Ao Vasco, vemos a necessidade iminente de escalar a equipe com dois apoiadores e dois atacantes, dois zagueiros mais rápidos (Gustavo e Thiago Martinelli) e um lateral-direito digno de ser chamado como tal. O Fagner merece retornar ao time.

O nó tático imposto pelo Joel Santana ao jovem Vágner Mancini foi claro. Esperamos que o promissor técnico possa tirar lições com a derrota, não apenas no comando do Vasco, que busca se reerguer de vez, mas também em sua ainda embrionária carreira. Parabéns ao time do Botafogo, que estará na final do Campeonato Carioca pela quinta vez consecutiva. Isso se o "Rei do Rio" não conquistar o segundo turno, Taça Rio, evitando uma eventual final carioca.