terça-feira, 2 de março de 2010

Tradição vascaína em xeque

Recentemente, o técnico do Vasco da Gama, Vágner Mancini, se queixou da desgastada relação entre Vasco e torcida. O comandante do time carioca disse que não entendia o relacionamento visto que a equipe havia conquistado mais de 75% dos pontos disputados no Campeonato Carioca, tendo uma seqüência de seis partidas com vitória. O que justifica a revolta dos fãs cruzmatinos, que no insosso empate sem gols contra o Sousa-PB, em jogo válido pela partida de volta da primeira fase da Copa do Brasil, chegaram a ficar de costas para o gramado?

Embora a grande maioria dos atletas do atual elenco vascaíno esteja no clube há um tempo relativamente pequeno - com exceção dos jovens oriundos das categorias de base, o mais antigo é o goleiro reserva Tiago, que aportou no Gigante da Colina no início de 2008 após boa passagem pela Portuguesa-SP -, eles precisam compreender que a torcida do Vasco tem uma impaciência maior que muitas outras pois o último título de primeira divisão foi conquistado em 2003 (Campeonato Carioca, pois não consideramos os turnos, seja Taça Guanabara ou Taça Rio, desta competição).

Além disso, o Vasco protagonizou no século XXI o maior vexame de sua história, com o inédito rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2008. Mesmo tendo conquistado o torneio no ano seguinte, a tradição vascaína recebeu uma dolorosa mancha. Por fim, muitos acusam o time de amarelar em partidas decisivas, especialmente contra o arquirrival Flamengo (descontadas as finais de turnos do Campeonato Carioca, o cruzmaltino perdeu as últimas cinco decisões para o rubro-negro).

Mesmo tendo conquistado 75% dos pontos no Cariocão deste ano, como afirmou Vágner Mancini, é notório que o time não apresenta um bom desempenho desde a quinta rodada da Taça Guanabara, quando superou o Friburguense por 3 a 0, com três gols de Dodô, o artilheiro dos gols bonitos. Até o momento, se passaram sete partidas, com uma derrota (simplesmente na final da Taça Guanabara, para o Botafogo), três empates (Madureira, Fluminense - vitória nos pênaltis - e Sousa-PB) e três vitórias (placares apertados contra Resende, Sousa-PB e Volta Redonda).

Considero o plantel vascaíno o melhor dos últimos seis anos, pelo menos. Mas o time não engrena. Não engrena por falta de vontade de alguns jogadores e por decisões equivocadas de Vágner Mancini, que considera - ou fingi considerar - que tudo está a mil maravilhas na caravela cruzmaltina. O atual técnico é promissor, mas precisa entender que está comandando um clube grande. Grande não. Gigante, gigantesco. Das duas uma: ou Mancini peca por ter uma mentalidade pequena à frente de um time colossal ou erra por não admitir seus erros, mesmo que sejam por inexperiência e falta de total adaptação. O Vasco precisa se portar com o tamanho que possui. Ele e os profissionais que o comandam. Depois da tempestade, aguardamos, esperançosos, pela calmaria.

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