quinta-feira, 25 de março de 2010

Saída do Mancini no Vasco era a melhor solução


A trajetória do Vasco após a perda da final da Taça Guanabara para o Botafogo foi marcada por péssimas atuações e resultados ainda piores. Após ganhar os três primeiros jogos da Taça Rio (2 a 1 contra o Volta Redonda, 2 a 0 contra o Bangu e 1 a 0 contra o Boavista), o Gigante da Colina amargou três derrotas consecutivas (1 a 0 para o arquirrival Flamengo, 1 a 0 para o Olaria e 3 a 2 para o Americano). Salvo a performance contra o rubro-negro, que foi boa apesar do placar, a equipe demonstrou uma latente queda técnica em relação ao primeiro turno do Campeonato Carioca. Na Copa do Brasil a situação não foi diferente, já que o cruzmaltino eliminou o fraco Sousa-PB com os apertados placares de 2 a 1 e 0 a 0 e, ainda, empatou em 1 a 1 com o ASA-AL.

Como explicar uma sequência tão longa de resultados medíocres? O que aconteceu para que o Vasco tivesse uma queda tão acentuada de produção? Nos bastidores comenta-se que o ex-técnico Vágner Mancini perdeu o comando e a "simpatia" de alguns jogadores, sobretudo por não ter um time titular definido. A cada jogo do Vasco, víamos escalações diferentes (mesmo contabilizando as mudanças forçadas, com lesões e suspensões de jogadores) e esquemas diferentes. Em pouco mais de um mês o time jogou no 4-4-2, 3-5-2, 3-6-1 e 4-3-3. Excluindo poucos titulares absolutos de Mancini, como Fernando Prass, Fernando, Titi, Márcio Careca, Carlos Alberto e Philippe Coutinho, um verdadeiro rodízio foi feito na equipe.

De uma ora pra outra o esquecido Fumagalli, que nem ficava no banco de reservas, se tornou titular em dois jogos, por exemplo. Simultaneamente, o apoiador Magno, da mesma posição e que vinha sendo o reserva imediato do craque Carlos Alberto, foi preterido. Já o prata-da-casa Souza, que tem um potencial enorme, passou a ficar à margem do fraco e violento Paulinho. De titular na Taça Guanabara, o Léo Gago passou a ficar fora da lista dos relacionados. Quando as coisas não vão bem, mudanças precisam ser feitas. Mas mudanças a rodo como aconteceram no Vasco em tão pouco tempo demonstram ansiedade, nervosismo e falta de confiança.

Lógico que o Vágner Mancini não pode ser responsabilizado por tudo, como a péssima fase do artilheiro Dodô, bem simbolizada pela perda de dois pênaltis contra o Flamengo. Também nos parece evidente que ele não tem culpa pelas diversas contusões de Carlos Alberto, que deveria estar liderando o time em campo. Porém, a parcela de culpa do técnico é enorme na medida em que bons jogadores não renderam o que deles se esperava.

O volante Rafael Carioca, eleito o segundo melhor cabeça-de-área pela direita no Brasileirão de 2008, desaprendeu a jogar? O polivalente Léo Gago, que talvez tenha sido o maior destaque na surpreendente campanha do Avaí no Brasileirão do ano passado, não sabe mais passar uma bola? O Souza, que foi titular jogando bem na Seleção Brasileira sub-20 no mundial da categoria, disputado no ano passado no Egito, se tornou um jogador pragmático? O Márcio Careca, que era um dos principais homens-surpresa do bom Barueri, em 2009, não sabe mais chutar ou cruzar uma bola? Os beques Gustavo e Thiago Martinelli não sabem mais efetuar bons desarmes como faziam em seus clubes anteriores? E o que falar do Dodô, que perdeu o faro de gol e o ritmo de jogo, e do Rafael Carioca, que, de goleador do Figueirense, se tornou apenas um fraco esforçado?

É consenso que o Vasco não tem um elenco que arranque suspiro de um amante de futebol, como eu. Mas, pelo menos pra mim, o plantel formado em 2010 é o melhor de anos. O time possui pouquíssimos jogadores que podem desequilibrar uma partida, como Carlos Alberto, Philippe Coutinho e Dodô. Mas possui bons titulares e alguns reservas de nível semelhante. Por mais que o elenco não seja brilhante, convenhamos, é um elenco para conquistar os últimos resultados? A chegada de um novo técnico pode provar ou derrubar minha tese. Afinal, a imprevisibilidade do futebol é, talvez, uma de suas maiores magias.


Nenhum comentário: