sexta-feira, 19 de março de 2010

Muralhas cariocas

Se o Rio de Janeiro parece estar voltando ao posto das maiores forças do futebol brasileiro, muito se deve aos goleiros dos quatro grandes times, que atravessam boa fase há um bom tempo. Com os dois pênaltis defendidos contra o Vasco no domingo passado, embora tenha se adiantado bastante na segunda cobrança, o arqueiro rubro-negro Bruno passa segurança entre as balizas mesmo falhando em alguns gols vez ou outra. Considero os pedidos de sua convocação para a Seleção Brasileira exagerados, pois vejo pelo menos três goleiros acima dele no momento (Júlio César, Hélton e Victor). Entretanto, mesmo com diversos problemas extracampos - como as declarações sobre "quem nunca saiu no tapa com a mulher?" -, não nego o bom momento técnico.

Depois de muitos anos, desde a saída de Fábio para o Cruzeiro, o Vasco finalmente buscou uma referência para o gol. Com serenidade fora dos gramados e reflexos apurados, Fernando Prass encanta a torcida cruzmaltina, se tornando um dos poucos não responsabilizados pelo recente mau desempenho da equipe, que sofreu uma queda vertiginosa de produção a partir de fevereiro. O experiente goleiro já havia se destacado no Coritiba, mas como passou muitos anos em um pequeno clube português, o União Leiria, tem ganhado o maior reconhecimento em sua carreira agora, após ter passado a casa dos 30 anos.

Já o Fluminense tem contado com um sólido sistema defensivo que começa nas mãos de Rafael. O goleiro havia se destacado no Vasco no fim de 2008, mesmo tendo jogado apenas oito partidas no Brasileirão e tendo sido rebaixado com a equipe. Sua imagem ficou bastante arranhada no início de 2009, pois o atleta forçou uma saída do gigante da colina, com o acúmulo de atos de indisciplina na pré-temporada daquele ano, para aportar no Fluminense, que lhe enviou uma proposta mais vantajosa no aspecto financeiro. Após demorar a ultrapassar os concorrentes Fernando Henrique e Ricardo Berna, o goleiro entrou no time para não sair mais. Foi um dos principais responsáveis pela histórica reação tricolor no Brasileirão-2009, na fuga da queda para a Série B.

Não menos seguro e talentoso é o goleiro botafoguense Jéfferson, que já havia atuado no time em anos anteriores. Depois de uma longa passagem pelo futebol turco, o jogador foi contratado com a missão de melhorar as péssimas estatísticas da defesa do Botafogo, que lutava contra o rebaixamento. Com defesas brilhantes, o goleiro logo se tornou ídolo (creio que em sua primeira passagem não conquistara tal posto no imaginário da torcida). Contra o Santa Cruz, na última quarta, pela Copa do Brasil, o goleiro fez uma série de boas defesas e ainda se deu ao luxo de defender um pênalti.

O futebol carioca continua com diversos problemas estruturais e com alguns atrasos de pagamentos de salários. Em muitos aspectos, a gestão precisa melhorar. Os times estão mais fortes em relação aos últimos anos, de uma maneira geral, mas ainda apresentam problemas. Talvez, salvo o Flamengo, nenhum entre na disputa do Brasileirão deste ano entre os favoritos ao título. Pelo menos, enxergo que o futebol do Rio de Janeiro está bem servido no gol. Se um bom time começa pelo gol, os times cariocas partem de uma perspectiva otimista para montar elencos fortes no segundo semestre.

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