terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Era Dunga na seleção traz à tona o pragmatismo

Se analisarmos o desempenho do técnico Dunga à frente da Seleção Brasileira iremos nos deparar com ótimos resultados, já que, durante sua era, a equipe canarinho acumulou os títulos da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009. Além disso, nas mãos do comandante, a seleção chegou à "conquista" da liderança nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 e ao terceiro lugar nas Olimpíados de 2008, realizadas em Pequim. Os números, numa análise fria e racional, são bem sólidos.

No entanto, torcida e mídia não se empolgam com o futebol demonstrado pela Seleção, que, historicamente, prima pela ofensividade e jogadas bonitas. Por que, afinal, o técnico prefere apostar em jogadores esforçados e limitados como Elano e Júlio Baptista em vez do mago da bola Ronaldinho Gaúcho, que, mesmo sem mostrar o futebol dos tempos de Barcelona, tem ido bem no Milan?

Com os números e resultados a seu favor, Dunga se apóia nos mesmos argumentos que utilizou quando assumiu a Seleção Brasileiro, em julho de 2006. Priorizando os jogadores que têm vontade de vestir a camisa amarela (e que muitas vezes preteriram seus times), como costuma dizer, o técnico leva a campo um time sólido na defesa - com a muralha no gol denominada Júlio César -, sóbrio no meio-campo e com um ataque eficaz. Não podemos tirar os méritos do técnico ao apostar, por exemplo, no centroavante Luís Fabiano, do Sevilla, que estava afastado da seleção há muito tempo.

Entretanto, baseado no discurso de que a concentração e vontade dos jogadores prevalecerão, prefere convocar jogadores esforçados em vez de gênios da bola. Será que a volta do bom futebol do dentuço e a sua decisão de participar das Olimpíadas de 2008, quando craques como Robinho e Kaká se recusaram a disputá-la, não são preponderantes na balança do Dunga? Por que o técnico sempre protege o Robinho e Kaká, que atravessam má fase há algum tempo (o rei do drible pode estar recuperando o ritmo no Santos), e ignora solenemente o apelo popular em prol da convocação do Ronaldinho Gaúcho?

Mesmo que o técnico não pretenda mudar seu esquema com três volantes, um apoiador e dois atacantes, o dentuço seria bastante útil no banco de reservas. Caso o Kaká desfalque a seleção em algum jogo da Copa, quem terá a responsabilidade de criar as jogadas ofensivas? Elano? Júlio Baptista? Kleberson? Ramirez? Alguém confia tamanho papel neles?

Com a máscara da sempre repetida "coerência", já que, na nossa acepção, ela não é aplicada corretamente no conceito de Dunga, o técnico está descartando um jogador que poderia ser o diferencial de uma seleção que busca o hexacampeonato mundial. Como brasileiros, torceremos para o pragmático futebol do time do teimoso Dunga. Ele poderá ganhar a Copa e "calar" a crítica do país, como já fez Felipão no caso do Romário? Lógico que sim. Mas, certamente, sua equipe não fará parte dos times idealizados pelos amantes do bom e velho habilidoso futebol brasileiro.

3 comentários:

Fábio disse...

Concordo com você, cara. Ainda que ache que ele tem o direito de chamar quem achar mais conveniente e que o Ronaldinho, na seleção, jamais apresentou o futebol que jogava no Barcelona.

Mas que a seleção está pragmática, está. É um time bem azeitado, mas que não joga bonito como se espera do Brasil.

Abraço,
Fábio


Em todo caso

Anna Luiza disse...

Não tem nada mais chato que assistir a jogos da seleção. Cariocão e Brasileirão são mto mais animados.

Bernardo Mendes Barata disse...

Infelizmente os jogos da seleção realmente estão chatos de assistir. O primeiro gol no amistoso contra a Irlanda, por exemplo, retrata bem o momento atual da seleção: Robinho recebe em impedimento e chuta para o gol, a bola desvia num adversário e entra. O segundo foi bonito, mas o primeiro foi feio de doer.